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Covid-19: sim, a obesidade é um fator de risco

É verdade: a obesidade é um fator de risco para o novo Coronavírus. Aquilo que era uma suspeita no início da pandemia, se tornou um alerta feito pelas principais organizações de saúde do mundo.

E esse é um desafio que não poderia ter vindo em um momento pior: a obesidade cresce cada vez mais na maior parte do mundo ocidental. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta para um aumento de 67,8% nos últimos treze anos.

O mais preocupante é que os problemas não param apenas no agravamento da COVID-19, mas também na sua prevenção. Pesquisadores já começam a questionar a eficácia de uma possível vacina entre o público obeso. 

A verdade é que, a luta contra o novo Coronavírus pode ser uma grande oportunidade de começarmos a lidar seriamente com a epidemia da obesidade. 

Quer saber por que a obesidade é um fator de risco para o novo Coronavírus e porque ela é tão, ou mais, preocupante do que a Covid-19? Fica com a gente, vamos bater um papo sério sobre isso!

 

A luta de Boris Johnson contra o Coronavírus (e contra a obesidade)

 

No dia 27 de julho, o primeiro ministro britânico Boris Johnson foi ao twitter dizer que se sentia muito melhor agora que estava cerca de 7 quilos mais magro. Também foi incentivar todos os cidadãos para que levem uma vida mais ativa e percam peso.


Entre os cidadãos do Reino Unido a taxa de obesidade está perto de 30%, mas não é apenas contra esse péssimo indicador que o primeiro ministro está lutando.

No vídeo postado nas redes ele faz o alerta: a obesidade é sim um fator de risco para o novo Coronavírus e perdendo aqueles quilos a mais, os britânicos poderiam se proteger e, ao mesmo tempo, proteger o sistema de saúde público.

E essa também não é uma mensagem impessoal, como muitos líderes se viram obrigados a fazer desde que começaram os problemas com a pandemia, pois, no final de maio, Boris Johnson contraiu o coronavírus e ficou muito abatido. Tão abatido, na verdade, que foi parar na UTI.

Na época, o político que mede 1,78, pesava cerca de 90 KG. E isso porque ele já estava em processo de perda de peso, tendo chegado a pesar mais de 110 quilos. Isso significa que ele estava na fronteira para o grau II de obesidade, segundo a escala do IMC (índice de massa corporal). Esse grau representa um risco ainda mais elevado para o desenvolvimento de doenças ligadas à obesidade.

Desde então, o primeiro ministro está em campanha contra a obesidade no Reino Unido, que já atinge cerca de 63% da população. Além das campanha de conscientização, especula-se que serão tomadas medidas contra a publicidade de fast-food e ultraprocessados. 

Esse movimento ganha força em meio à pandemia, pois o próprio NHS (sistema de saúde público do Reino Unido) informa que mais de 70% das pessoas nas UTIs por coronavírus possuem excesso de peso, sendo 40% dessa população mais jovem do que 60 anos.

 

Contraste entre dois mundos: os casos do Japão e dos EUA.

 

Ainda existe muita controvérsia sobre como cada país está lidando com a pandemia do novo Coronavírus, mas, sob qualquer ângulo, parece que o Japão é um caso de sucesso. O país contabiliza apenas 8 mortes para cada milhão de habitantes. Compare com o caso dos Estados Unidos, por exemplo, que já conta 505 casos fatais a cada milhão e você terá uma ideia da disparidade.

É claro que há muita especulação (e pesquisas) acerca dos motivos. Certamente os mais citados são os culturais como cumprimentos sem contato das mãos, mais respeito ao espaço pessoal e o uso muitíssimo mais comum de máscaras faciais.

Porém, existe outro fator que ajuda a alargar ainda mais o abismo entre os hábitos dos japoneses e dos americanos: as taxas de obesidade. O Japão é um dos países mais saudáveis do mundo, com uma expectativa de vida de 84 anos e uma taxa de obesidade de apenas 4%. 

Os Estados Unidos são, por sua vez, são conhecidos como o país do fast-food. E não é por menos, pois o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos estima que entre 2013 e 2016 cerca de 84 milhões de americanos tenham comido fast-food todos os dias. A taxa de obesidade nos Estados Unidos chega a níveis assustadores: 40% da população adulta e 20% das crianças.


Portanto, uma das explicações possíveis para a letalidade menor da doença no território japonês seria o fato de que sua população é muito mais saudável e preparada para lidar com o impacto da infecção. 

Um estudo feito com pacientes da Covid-19 em Nova York mostrou que, caso a pessoa infectada tivesse uma obesidade moderada, a chance de hospitalização aumentava em 4 vezes, já nos casos de obesidade grave, a chance era 6 vezes maior.

 

Por que a obesidade agrava os quadros de Covid-19?

 

Antes de qualquer coisa, devemos nos perguntar se existe evidência científica que aponte para um agravamento da Covid-19 em obesos. Sim, essa evidência já existe e é por isso que você vai ver cada vez mais alertas sobre isso na mídia e nas campanhas de saúde.

Alguns exemplos:

  • Um estudo com quase 17 mil pacientes no Reino Unido mostrou que aqueles com obesidade tinham 33% mais chances de morrer.
  • Outro estudo, feito pela NHS (órgão de saúde britânico) mostrou que a obesidade pode dobrar a letalidade e o pior: esse estudo não considerou as comorbidades como diabetes ou doenças cardíacas.

Uma das principais explicações seria a dificuldade circulatória e respiratória comum a todos os obesos. Quanto maior o seu percentual de gordura, mais dificuldade terá para levar oxigênio para o sangue e para o corpo como um todo. No caso de uma infecção respiratória como a Covid-19, isso se torna uma enorme desvantagem.

Por outro lado, pessoas obesas são mais propensas a desenvolverem comorbidades como diabetes e doenças do coração que já são fatores de risco para o novo Coronavírus. São essas complicações que tornam a obesidade tão preocupante até mesmo em pacientes jovens.

 

Mais essa agora: a recente preocupação com a vacinação da população obesa.

 

Estamos sendo atualizados todos os dias, pelos jornais, sobre o progresso no desenvolvimento das vacinas contra o Coronavírus.

Essas vacinas são nossas esperanças para voltar a normalidade e representam um feito incrível, pois estão sendo desenvolvidas em tempo recorde. 

Entretanto, alguns membros da comunidade científica começam expressar preocupações a respeito da eficácia da vacina no público obeso. E você sabe de onde vem essa preocupação? De outras vacinas que já temos hoje. Isso mesmo. Algumas vacinas, como a da gripe, tétano e hepatite B são menos eficazes em pessoas obesas.

Sendo, por exemplo, 40% da população americana obesa e considerando a natureza das vacinas, uma imunização imperfeita pode representar um risco para todos. 

 

O que você pode fazer para se proteger

Com a pandemia, nós estamos começando a entender as consequências da nossa negligência com o corpo e dos nossos hábitos como sociedade. Não podemos mudar o passado, nem negar a realidade presente, mas esses problemas podem ser uma oportunidade para a transformação de nossas vidas.

Tudo vai se iniciar com cada um de nós olhando para nossos hábitos com disposição para mudá-los. Contamos com toda a informação que precisamos na palma de nossas mãos, além da ajuda de profissionais como médicos, nutricionistas e educadores físicos.

Não existe melhor prevenção do que uma alimentação consciente, com comida de verdade, e atividade física regular. Aqui na Inspire Fit, nossa luta sempre foi por mudar o perfil alimentar do brasileiro. Se você quiser, pode conhecer um pouco mais da nossa missão aqui.